Gestar exige paciência, resistência e fé. Entre tireoide, ferro, pressão e cansaço, compartilho meus medos e aflições.
No Descobrindo Juntas de hoje…
Nunca me disseram diretamente que “gravidez não é doença”.
Mas já ouvi de outra gestante essa mesma frase — e olha que ela também teve seus altos e baixos, complicações e sustos.
E toda vez que escuto, fico pensando:
“Se não é doença, por que parece que a gente precisa lutar tanto para ser ouvida, cuidada e compreendida?”
A gravidez é natural, sim.
Mas isso não a torna simples.
É um processo fisiológico, emocional e espiritual, e também um teste de paciência, resistência e fé.
Hoje quero abrir meu coração — talvez soe como um pequeno muro das lamentações, mas é apenas o retrato real de quem está vivendo tudo isso de verdade.
Quero compartilhar minha jornada — as dores, as frustrações com diagnósticos ignorados, e o alívio que vem quando finalmente encontramos respostas, o que são raras.
Minha experiência: entre eczema, exames ignorados e a luta por cuidado
Antes mesmo de engravidar, eu já travava uma batalha com o eczema.
De dermatologista em dermatologista, prescrição atrás de prescrição.
Passei por testes de patch, cosméticos hipoalergênicos, listas intermináveis de produtos “para pele sensível”…
E nada.
Desperdicei tempo, dinheiro e esperança.
E então engravidei.
E o que antes era um problema real, passou a ser tratado como “coisa da gravidez”.
“Melhora depois que o bebê nascer.”
“Espere o fim da amamentação.”
Mas e o agora?
E os dias em que a pele arde, coça, descama, e tudo o que a gente quer é se esconder debaixo da cama?
Tem dias em que está controlado.
Tem outros em que eu só queria sumir.
Minha rotina de remédios e suplementos
Depois que comecei o tratamento para a tireoide, minha rotina mudou completamente.
Acordo ainda escuro, por volta das 5:30, pra tomar o tireoide em jejum.
Uma hora depois, vem a aspirina, pra ajudar na prevenção da pré-eclâmpsia.
No fim da manhã, entra o pra controlar a pressão que insiste em subir.
E à tarde, lá pelas 16h, é hora das vitaminas. Ainda não encaixei o ferro que fará parte da rotina em breve.
Parece simples quando está escrito, mas a verdade é que essa rotina exige atenção, disciplina e, às vezes, paciência.
Tem dias em que esqueço, me atraso, ou só quero um intervalo entre o corpo e os comprimidos.
Mas lembro: cada dose é um ato de cuidado, uma forma silenciosa de dizer “estou tentando fazer o melhor por nós dois.
A visita ao endocrinologista — entre alívio e frustração
Hoje tive retorno com a endocrinologista.
Os exames de tireoide mostraram melhoras significativas — finalmente algo concreto depois de tantos ajustes.
Mas, para minha surpresa, ela decidiu aumentar a dose do medicamento.
O corpo ainda está se ajustando, e mesmo com progresso, cada nova mudança traz um misto de esperança e insegurança.
Mas o que realmente me tirou o chão foi a questão do ferro.
A obstetra segue tratando o assunto como algo “normal da gestação”, enquanto a endocrinologista foi direta:
“O ferro está baixo, e o estoque de ferritina que já vinha reduzido agora alcançou o ferro em si.”
Em outras palavras: se nada for feito, o próximo passo é a anemia.
E como não se preocupar?
A obstetra chegou a prescrever um suplemento oral de ferro, mas na farmácia precisaram confirmar com ela antes de liberar.
Mandaram mensagem.
E adivinha?
Nunca respondeu.
Mencionei novamente o caso na consulta de pré-natal — e mais uma vez, ficou por isso mesmo.
“Não me entra na cabeça como uma profissional pode minimizar algo tão importante.”
O ferro é essencial não só para mim, mas para a formação da placenta, o crescimento da bebê e o desenvolvimento cerebral.
Ver essa falta de cuidado me frustra profundamente.
Sinto que estou sempre tendo que investigar, insistir, implorar por atenção.
Busquei segunda opinião, mas o looping parece sem fim.
A verdade é que hoje me sinto mais acolhida e escutada pela endocrinologista do que por quem deveria estar acompanhando minha gestação principal.
Mesmo assim, sigo pedindo a Deus saúde e sabedoria — pra mim e pra quem me acompanha.
Porque cada dia é uma vitória.
E falta pouco agora: logo minha pequena Eva vai estar fora do forninho, cheia de vida e saúde, graças a Ele. 🙏
O que a ciência diz (e o que a realidade mostra)
O corpo da gestante é uma orquestra complexa de hormônios e adaptações.
A progesterona e a relaxina, por exemplo, preparam o corpo para o parto, mas causam dores, fadiga e instabilidade nas articulações.
O aumento do volume sanguíneo explica a falta de ar, os inchaços e a pressão oscilante.
E o sistema imunológico se reorganiza completamente — o que explica crises de pele, alergias e até reações diferentes a cheiros ou cosméticos.
Mas o que a ciência também mostra — e muitos médicos esquecem — é que:
- 
O hipotireoidismo gestacional não tratado pode afetar o desenvolvimento cerebral do bebê.
 - 
A pré-eclâmpsia pode surgir em qualquer idade.
 - 
A deficiência de ferro, D3 e B12 é comum, mas precisa de correção e acompanhamento.
 
Gestar é lindo, mas exige vigilância, empatia e responsabilidade clínica.
E é por isso que informação e autodefesa são fundamentais.
Mini Glossário
Eczema: inflamação crônica da pele que causa coceira, vermelhidão e descamação.
Hipotireoidismo: quando a tireoide produz menos hormônio do que o necessário, afetando metabolismo e energia.
Pré-eclâmpsia: complicação caracterizada por pressão alta e presença de proteína na urina.
Deficiência de ferro: causa anemia e cansaço excessivo.
Relaxina: hormônio que amolece ligamentos para o parto, mas causa dores e instabilidade articular.
Mitos e verdades
Mito: Gravidez é sinônimo de saúde perfeita.
✅ Verdade: É um processo fisiológico, mas pode trazer riscos e complicações.
Mito: “É da gravidez, depois passa.”
✅ Verdade: Nem tudo é passageiro. Alguns sintomas indicam condições que precisam de tratamento.
Mito: Falar das dificuldades é se vitimizar.
✅ Verdade: É um ato de coragem e cuidado com outras mulheres.
Dicas práticas que têm me ajudado
Anote sintomas e exames: ajuda a identificar padrões e ser ouvida nas consultas.
Questione sempre: “Isso é normal?” pode mudar o rumo do pré-natal.
Cuide da pele com o que for possível: menos é mais; evite fragrâncias e conserve a barreira natural.
Respeite o corpo: nem toda gestante precisa ser produtiva.
Crie sua rede de apoio: amigos, outras gestantes, comunidades — o Descobrindo Juntas nasceu disso.
FAQ
1. Tudo é “da gravidez”?
Não. Alguns sintomas mascaram condições reais, como anemia, hipotireoidismo ou pré-eclâmpsia.
2. Posso tratar eczema na gestação?
Sim, com orientação médica. Existem opções seguras, especialmente com acompanhamento dermatológico e obstétrico.
3. Quando a pressão vira sinal de alerta?
A partir de 140×90 já é necessário monitorar de perto. Acima disso, pode indicar risco de pré-eclâmpsia.
Leia também
- 
Pré-eclâmpsia: o que é, sinais de alerta, prevenção e cuidados
 - 
Pré-Natal de Qualidade: O que a OMS Recomenda para uma Gravidez Positiva
 
Fontes externas confiáveis
- Complicações na gravidez — Office on Women’s Health
 - 
NIH – Maternal Health ResearchWhat Are Some Common Complications of Pregnancy
 
⚠️ Disclaimer:
Este conteúdo tem caráter informativo e educativo. Não substitui avaliação, diagnóstico ou tratamento médico profissional. Sempre consulte seu obstetra, pediatra ou outro profissional de saúde de confiança antes de iniciar qualquer tratamento, suplemento ou conduta mencionada aqui.
Por fim
Pode parecer um muro das lamentações — mas é a vida acontecendo em tempo real.
E talvez, ao escrever tudo isso, eu perceba que não estou sozinha.
Existem outras mulheres tentando entender seus corpos, lutando para serem ouvidas, sentindo medo, mas seguindo.
Como diria a Vovó: “Sou eu, eu mesma”, e agora o Descobrindo Juntas.
Porque se “gravidez não é doença”, então que ao menos seja um processo visto com respeito, empatia e verdade.
E se você também está nesse caminho, respira fundo: a gente vai descobrindo, sentindo e aprendendo — juntas. 💜
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